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Ah Bocage, doce cruel menino,
Ébrio patife por destino,
Profeta versicular da tua
Desgraça:
Com uma puta nua
Nos braços, percorres os passos
Da praça.
Ah Bocage, que ainda o és,
poeta maldito da cabeça aos pés;
Azar dos azares teres nascido
Em Portugal:
Com o berço benzido
Noutro país serias mais feliz,
Animal.
Ah Bocage, saudade de Camões,
Os teus poemas são os colhões
De um filho bastardo do Homero
insano:
Tinhas talento fero
e a tua morte deu no desnorte
lusitano.