segunda-feira, novembro 28, 2011

The :Kubrik Experience


Depois de anos a tentar fazer qualquer coisa que se aproxime daquilo a que convencionalmente chamamos música, abri uma página aqui, com alguns dos temas que acho menos indecentes.

É claro que se trata de um registo amador, tanto no que respeita à produção como à prestação artística, mas estão todos convidados a ir lá vaiar ou patear, ou seja lá o que for que se faz hoje em dia, quando o ouvido protesta. No entretanto, fica já aqui uma amostra ruidosa:

Canção do Vento de :kubrikCanção do Vento :Kubrik

O meu verso é fechado,
não tem rima, não tem fado.
Eu sou quem não se encontrou,
tu vais onde eu nunca vou.

Não sei o que te diga, se te cante esta cantiga:
tu és a estrela e eu o cometa, planeta desfeito.
Tu vens de berço eleito, eu careta, provenho da proveta
e prisioneiro no nevoeiro, não sei se chego inteiro ao fim da cançoneta.
Tu és demais, voas p'las cartas astrais, sabes p'ra onde vais.
Eu sou de menos, reduzido a átomos pequenos, serenos locais.
É do inferno que eu sou. Tu chegas ao céu e ao cais.
Tu vais onde eu nunca vou.

O meu mundo é quadrado,
é um prisma só de um lado.
Eu sou quem não se encontrou,
tu vais onde eu nunca vou.

Para dizer a verdade, majestade, sou mais baixo de que a idade
e mais velho do que a medida. Tu és a minha vida e eu sou só metade
do que prometo, cometo o pecado de não ser suficiente e de repente,
tu deixas-me cair lento, com o vento.
Vou afogar a solidão nos copos da taberna,
caverna da servidão moderna, aberta para nunca mais.
É do inferno que eu sou. Tu chegas ao céu, chegas ao cais,
tu vais onde eu nunca vou.

O meu sonho sabe a pouco,
o destino não dá troco.
Eu sou quem não se encontrou,
Sou quem o vento levou.
Tu vais onde eu nunca vou.

Não chego para ti, já vi, fico curto aquém do bem e é melhor assim,
sem a erva ruim que envenena o teu jardim,
sem o mal que te faço, sem o ferro e sem o aço.
É melhor para o teu percurso, longo curso, linha aérea sobre o espaço.
Deixa-me por aqui de repente, monge doente no labirinto.
Vou afogar a solidão com uns copos de absinto,
no bar aberto para nunca mais. É do inferno que eu sou.
Tu chegas ao céu, chegas ao cais, tu vais onde eu nunca vou.

O meu verso é fechado,
não tem rima, não tem fado.
Eu sou quem não se encontrou
tu vais onde eu nunca vou.

O meu mundo é quadrado,
é um prisma só de um lado.
Eu sou quem não se encontrou,
sou quem o vento levou.

O meu sonho sabe a pouco,
o destino não dá troco.
Tu vais onde eu nunca vou
e tudo o vento levou.