Não sei se sou entendido, porque, bem entendido,
Já ninguém escreve cartas de amor aos amigos.
Gosto de escrever cartas de amor aos meus amigos.
Não sei, pelo que escrevo, porque gosto deste enlevo;
Mas as cartas que escrevo são ritos antigos.
Gosto de escrever cartas de amor aos meus amigos.
O Yahoo tem serviço postal e, até ao Natal,
Não escrevo cartas para salvar os mendigos.
Gosto de escrever cartas de amor aos meus amigos.
Não sei, pelo que escrevo, se à calúnia me atrevo
E as cartas não são cartas, são abrigos.
Gosto de escrever cartas de amor aos meus amigos.
Não sou entendido porque a minha vida tem sido
Como um Diário da República sem artigos.
Gosto de escrever cartas de amor aos meus amigos.
O que escrevo é do Homero que transcrevo
E as cartas não são cartas, são jazigos.
Gosto de escrever cartas de amor aos meus amigos.
Não sei se sou entendido, porque, bem entendido,
Já ninguém escreve cartas de amor aos amigos.