quinta-feira, janeiro 10, 2013

Aviso e apologia.

O Blogville sempre foi um átomo anónimo de curta audiência e eu sempre o tratei como uma gaveta.
Tenho plena consciência - e até uma certa vaidade - que os assuntos que me interessam não interessam a muita gente. Tenho plena consciência que as minhas opiniões sobre isto ou aquilo não são partilhadas pelas massas (deus é grande), que os meus gostos não são os gostos da maioria (deus não dorme) e que os meus poemas não encantam ninguém e que os meus ódios são clandestinos e que as minhas paixões são, digamos, esquisitas.
De vez em quando, porém, sou surpreendido por uma ou outra alma curiosa (mórbida?) que ainda visita este blog. E o facto é, geralmente, muito embaraçoso para mim. É muito embaraçoso porque o que escrevo aqui não tem em consideração a visita de alguém.
Esta desconsideração não é obviamente intencional, até porque, com o tempo, tenho observado que as pessoas que aqui chegam são pessoas pelas quais, regra geral, tenho imensa consideração. Mas lá porque a desconsideração não é intencional, não deixa de ser desconsiderada. Devo, assim, um largo, alto e profundo pedido de desculpa aos meus queridos leitores, esporádicos, ocasionais ou rotineiros.
Peço desculpa por não ter em conta a vossa sensibilidade. Peço desculpa por não ir de encontro às vossas expectativas, aos vossos interesses, às vossas ansiedades. Peço desculpa por não me explicar completamente, por ser intrincado, amargurado e difícil. Peço desculpa por insultar o vosso bom senso e por vos deixar constrangidos com a minha virulência. Peço desculpa por ser violento, egoísta, maníaco, depressivo e deprimente. Peço desculpa por revelar um Paulo Hasse Paixão que vocês nunca conheceram, e que - sejamos honestos - não querem realmente conhecer. Peço desculpa pelos textos que vocês não precisavam objectivamente de ler, peço desculpa pela informação a mais e pela informação a menos. Peço desculpa por expor as minhas misérias e por vos expor ao horror das minhas misérias. E curvo-me, humilde, perante o vosso juízo crítico e a hipótese remota de um perdão.
Não posso prometer porém, que a filosofia editorial do Blogville sofra, a partir daqui, qualquer alteração significativa. Os meus queridos amigos serão sempre bem-vindos a esta gaveta onde enfio a alma e eu serei sempre grato pela vossa gentil visita. E sobretudo serei, invariavelmente, consciente das dificuldades de digestão que a gaveta oferece, pelo que aceitarei com naturalidade que desistam da gentileza. Mais que isto, não consigo nem sei, em boa verdade, oferecer.