terça-feira, março 12, 2013

Rui com Ípsilon

Amigo, como é que se escreve um poema como tu escreveste o Poema
do Quotidiano?
Como é que se faz possível escrever assim, Belo, de tema em tema,
ano após ano?

Nos teus versos difíceis que te saíam fáceis, no poder espantoso
da tua máxima caneta
há um ofício de fé, um vaticano íntimo, um rumo doloroso:
és de outro planeta.

Reportas que "há quem diga que o sol foi longe demais"
com a destreza
de quem arranca umas quantas automáticas formalidades banais
do Princípio da Incerteza.

Doi-me realmente, Rui com Ípsilon, que já não vivas nem rezes
nem escrevas
nem possas explicar-me com que lanterna consegues por tantas vezes
iluminar as trevas.