sexta-feira, agosto 29, 2014

Dez minutos de alta competição.



Não costumo seguir a Vuelta, mas este ano é impossível ignorá-la. Muito por causa do desastre de estrelas que foi o Tour de France, esta edição contou à partida com 4 candidatos à vitória: Alberto Contador (que recuperou a tempo da fractura na tíbia), Chris Froome (que desistiu do Tour muito cedo), Nairo Quintana (depois ter ganho o Giro e de ter evitado o Tour, era o candidato natural ao primeiro lugar da geral) e Joaquim Rodriguez (porque esteve no Tour em ritmo de treino precisamente para tentar em Espanha o primeiro título numa prova de 3 semanas).
Ora, depois da Etapa de ontem, a Vuelta ganhou mais um favorito: Valverde. O chefe de equipa da Movistar, que tinha falhado com estrondo o pódio no Tour e que, aparentemente, estava na competição apenas para ajudar Quintana a conquistá-la, fez a terrível subida de La Zubia como se não houvesse amanhã: acarinhou Quintana como devia, levando-o na sua roda pela colina a cima a um ritmo desenfreado - principalmente se considerarmos as terríveis condições climatéricas e topográficas desta subida; mas quando Rodriguez ataca, a 700 metros do fim, Valverde apercebe-se de que o colombiano não tem resposta para dar e, num relâmpago de glória pura e dura, acelera por ali a fora para a vitória na etapa, deixando Froome, Contador, Rodriguez e Quintana à beira de um ataque cardíaco e a fazer contas à vida. Depois de ter liderado e destruído completamente o pelotão durante a contagem de primeira categoria que concluía a etapa, o veterano campeão espanhol ainda teve pernas para dar espectáculo. Incrível.
Estes últimos dez minutos da 6ª etapa da Vuelta são um hino ao ciclismo de alta competícão. E, sinceramente, têm mais emoção e nobreza que um campeonato do mundo de futebol inteirinho.