segunda-feira, dezembro 08, 2014

Ver o que se quer ver em vez de ver o que lá está.



Para além da qualidade cinemática propriamente dita, o que me deslumbra neste filme que Danny Cooke realizou para a CBS e que rapidamente se disseminou nas redes sociais é o triunfo da natureza sobre as estruturas da civilização. Apesar do verde exuberante, o que lemos nas notícias e nos comentários relacionados com o filme demonstra a cegueira da maioria das pessoas em relação ao que é representado: fala-se de cinzentos, de apocalipses, de radiação, de morte, mas o que se vê não é isso. O que se vê é a natureza vigorosa e dominadora, que toma conta das avenidas, que invade os apartamentos, que esconde a decadência do horizonte urbano.
Os efeitos da radioactividade nos ecossistemas são motivo para acessas polémicas na comunidade científica há já muitos anos, e não quero neste momento entrar por aí, mas o que podemos constatar nestas belíssimas imagens da cidade fantasma de Pripyat é que, pelo menos no que diz respeito à flora, o meio ambiente manifesta-se bastante indiferente ao desastre de Chernobil. Como invariavelmente se constata, a natureza é muito mais resistente do que parece. E as estruturas da realização humana são sempre mais frágeis do que julgamos.