sexta-feira, junho 19, 2015
Sobre a guerra.
A Guerra dos Tronos é a guerra da vida. Olhamos para aquilo e sabemos intimamente do que se trata. Quando Stannis Baratheon manda assar a sua própria filha, toda a gente percebe as razões por de trás do churrasco porque essas razões fazem parte do léxico histórico. Identificamo-nos com Tyrion Lannister, porque também no anão há uma humanidade frágil, corruptível, viciosa, mas onde, ainda assim, permanece um vestígio de dignidade. Tyron é alcoólico, promíscuo e parricida, mas todos queremos ser dignos como ele. Quando na verdade todos somos ferozes como Baratheon.
A Guerra dos Tronos é guerra pura - o estado natural do homem.
Eu não li o Livro do George R. R. Martin porque na altura de o ler pensava que era um género de Tolkien para vender nas estações de serviço. Estava equivocado e agora nem sei bem qual é a percentagem da história que está a ser aviltada pelos redactores da série. Parece-me, porém (e posso estar errado da pior maneira possível - a do ignorante), que o fundamental pessimismo sobre a condição humana deve resultar mais do espírito de Martin do que da vontade da HBO, por muito respeito que possa ter - e tenho algum - pela produtora americana. E é precisamente esse realismo céptico, essa maneira desassombrada de entender o homem e a história, que seduz e agarra o feliz espectador.
Esta série vai ficar para a história, ponto final.