Um islamita filho de meretriz pega numa metralhadora e começa a matar homossexuais como se não houvesse amanhã. Mas parece que ele não matou aqueles homossexuais todos porque era um islamita filho de meretriz. Parece que ele matou os homossexuais porque não gostava de homossexuais. Eis uma nuance tão subtil como um elefante numa ourivesaria.
Bom, é preciso dizer primeiro que o Alcorão odeia da mesma maneira bíblica e com a mesma intensidade todos os homossexuais. Isto é verdade. O que não é verdade é tentarem comparar uma civilização que tem a Bíblia como referência literária a uma multidão de bárbaros que leva o Alcorão à letra.
Os muçulmanos do nosso tempo são uma tribo muito mais fascistóide do que era há uns séculos atrás, quando, por exemplo, habitou a Península Ibérica. Essa raça apoteótica de poetas-guerreiros não tem nada a ver com os rapazinhos de agora.
Mais a mais, um católico muito conservador e chato que pura e simplesmente odeia homossexuais não sai para a rua com uma metralhadora e a intenção de matar cinquenta homossexuais porque foi ensinado por Cristo e pelos seus pais que o facto de não se gostar de alguém não implica necessariamente o recurso à metralha. Muito antes pelo contrário. Jesus salvou Barrabás da cruz sem uma palavra de protesto, sabendo bem que iria tomar a justa vez do facínora. Digam-me onde é que no Alcorão há uma história de amor assim, que eu revejo a minha tese.
E a minha tese é muito simples, até: nem todo o maometano é um assassino. Mas a grande parte dos maometanos acredita e serve valores que são inimigos absolutos dos valores em que fui educado e cresci e que fizeram de mim o gajo que sou hoje (bom ou mau, não interessa porque a biologia mandata-me à defesa de quem sou). Mas também e sobretudo inimigos absolutos dos valores que elevaram a civilização ocidental à proa da História. Os valores da razão moral em Platão e em Kant, os valores da tolerância e da piedade em Jesus Cristo e em Thomas More; os valores de justiça social em Karl Marx e de prosperidade colectiva em Herbert Spencer, os valores da virtude em Juvenal e da probidade em Marco Aurélio, os valores de superação em Nietzsche e da universalidade em Voltaire e assim sucessivamente até que se entenda o óbvio: o rapaz que matou os tais 50 homossexuais não os matou por causa de serem homossexuais. Matou-os porque adora um profeta demoníaco. Mas atenção: Maomé não é um profeta demoníaco. O homem era um comerciante e era um guerreiro (uma coisa, no contexto histórico, implicava a outra). Só não era de certeza um tipo que se insurgisse contra a primeira pedra lançada à bela e triste tromba da cortesã de taberna. E é muito mais fácil interpretar torto o texto do profeta das barbas do que errar na validação do discurso do crucificado, que é, convenhamos e basicamente, um Buda magrinho.
Revelando abertamente o ignorante que é, Obama argumentou que os recursos sofistas que usa para não chamar ao terrorismo islâmco terrorismo islâmico não são pertinentes para a resolução da violência. A desvalorização da nomenclatura nem sequer é própria de um político minimamente competente, mas vindo de quem vem não surpreende. Tem é o problema de decorrer de uma lógica absolutamente falaciosa. Antes de tudo, temos que dar substantivos às coisas e aos fenómenos. Foi aliás para isso que se inventou a linguagem. É, até, uma das missões transcendentais do homem: o acto de nomear. Fulano é meu amigo. Beltrano é meu inimigo. Obama devia ler menos Marx e mais Homero. Ou Confúcio.
Vamos por favor chamar os bois pelos nomes. O massacre de Orlando é de fé islâmica. Ponto final, parágrafo.