quarta-feira, novembro 09, 2016

América condenada #5

Os americanos estão prestes a eleger para supremo líder da sua desgraçada e decadente federação um tipo que acha que as mulheres, quanto mais bonitas são, mais devem ser agarradas pelas suas conas. Que disse que os pretos são os responsáveis pelos assassínios dos brancos, que disse que os mexicanos não passam de um bando de violadores. Que disse que o chefe de estado com que mais se identifica é Vladimir Putin (e vice-versa). Que disse tanto disparate, que disse tanta obscenidade, que disse tanta coisa perigosa, que só pode ser realmente o maior idiota da história universal da infâmia.

Mas como é que um gajo atrasado mental, como Donald Trump é atrasado mental, chega a líder do mundo livre? Quem é que tem culpa? É ele? Mas ele é tão estúpido que não pode ser realmente responsável. É o povo americano? Mas o povo americano, na verdade, é o mesmo povo que elegeu outras pessoas um pouco menos estúpidas. Só nesta geração, elegeu um gajo inteligentíssimo ainda agora (para a esquerda) e um outro gajo que, não sendo inteligentíssimo, foi um presidente muitíssimo competente (para a direita).

Podemos especular que os americanos escolheram o menor de dois males porque a pobre da Hillary não convence ninguém. Isto é verdade. A pobre da Hillary não conseguiu sequer parecer mais inteligente que o seu imbecil adversário. E isto não é dizer pouco. Mas ainda assim, a culpa é dela? Afinal, não era Hillary Clinton, há dois ou três anos atrás, a grande senhora da América? A grande embaixadora da América? A grande mulher-de-estado-promessa-de-todos-os-femininismos? Depois de um negro na Casa Branca, não era mesmo uma mulher que ficava bem na mesma morada? Não foi ela eleita para governadora do estado de Nova Iorque na ressaca de ser a campeã das cornudas? Não era ela amada, respeitada e querida para a última e primeira posição do poder executivo?

Bem vistas as coisas, o problema não é de Trump, que é demasiado parvo. O problema não é do eleitorado, que é demasiado diletante. O problema não é de Hillary, que é apenas vítima das suas circunstâncias. A coisa vai mais fundo. É um mal mais intestino. É uma ferida mais cancerígena.