"Na eutanásia, como nas legalizações do casamento homossexual, da
“interrupção voluntária da gravidez”, do consumo de drogas leves, da
prostituição e do que calha de ser considerado “fracturante”, recorre-se
ao isco da “liberdade” para consumar o que afinal é um processo de
nacionalização dos comportamentos. Na vastíssima maioria das situações,
as pessoas conseguem matar-se, dormir com pessoas do mesmo sexo,
abortar, injectar silicone, consumir haxixe ou terebentina e frequentar
casas de meninas às segundas, quartas e sextas sem obstáculos relevantes
e, sobretudo, sem necessitar que o Estado seja informado a respeito. E é
esse pormenor que apoquenta a esquerda.
A esquerda, por tradição e
vício, nunca se ofendeu com o constrangimento das acções de cada
cidadão: o que a ofende é que o cidadão as pratique à revelia de um
poder idealmente ominipresente, para não dizer totalitário."
Alberto Gonçalves . Observador . O Direito a viver sem dignidade . 2-6-18