Fernando Santos é o mestre do desprazer: mesmo quando ganha, deixa-nos tristes. O futebol, no entendimento deste senhor, é a mais triste das artes. Até a bola corre em melancólico movimento; as balizas deprimem e o relvado tem que ser tratado, depois de cada jogo da Selecção Nacional, com uma solução de Prozac. Na ressaca de apitarem jogos de Portugal, há árbitros que encaram seriamente uma mudança de carreira, no mínimo, ou o suicídio, em casos mais extremos como o do jogo de hoje, contra Marrocos. Não admira que jogadores alegres como Gonçalo Guedes, Bernardo Silva e Rafael Guerreiro não joguem nada. Não admira que o mais feliz dos laterais portugueses, Nelson Semedo, não faça parte deste infeliz plantel.
Só Ronaldo não parece nada afectado pelo desalento reinante. O talento alienígena, a vaidade imensa e o brio irredutível tornam o capitão imune ao futebol soturno que tem sido praticado pelos restantes colegas.
Fernando Santos, se não fosse um horrível treinador de futebol, teria sido um excelente fadista. E a carreira da Selecção neste mundial vai ser bastante breve e inglória. É fatal como o destino.