quarta-feira, dezembro 12, 2018

Da correcção ao desemprego.

Comentário deixado no Observador, na peça sobre o perfil do terrorista de Estrasburgo:

Esta notícia foi escrita com tanto cuidado, com tanta correcção política, que mete nojo. O terrorista foi "alegadamente" radicalizado, mas os seus motivos podem ser outros completamente diferentes, claro (se calhar foi recrutado pelos coletes amarelos, esses malandros). Nem por uma vez se usa a palavra "muçulmano" e o islão é mencionado apenas a propósito do Estado Islâmico (deve ter custado horrores ao jornalista ter relacionado o "alegado" radical a esta organização) e somente no último parágrafo da peça, porque Alá é grande. Enquanto alguns colunistas do Observador ainda vão tentando convencer a audiência de que este é um jornal ideologicamente desalinhado com a maioria dos media, a redacção já não tenta enganar ninguém: é a cartilha do costume. O problema é que a cartilha do costume está a levar rapidamente os jornais à irrelevância. E os jornalistas ao desemprego. É que o Deus cristão também é grande. E não dorme.