Comentário deixado no Observador, na peça sobre o perfil do terrorista de Estrasburgo:
Esta notícia foi escrita com tanto
cuidado, com tanta correcção política, que mete nojo. O terrorista foi
"alegadamente" radicalizado, mas os seus motivos podem ser outros
completamente diferentes, claro (se calhar foi recrutado pelos coletes
amarelos, esses malandros). Nem por uma vez se usa a palavra "muçulmano"
e o islão é mencionado apenas a propósito do Estado Islâmico (deve ter
custado horrores ao jornalista ter relacionado o "alegado" radical a
esta organização) e somente no último parágrafo da peça, porque Alá é
grande. Enquanto alguns colunistas do Observador ainda vão tentando
convencer a audiência de que este é um jornal ideologicamente
desalinhado com a maioria dos media, a redacção já não tenta enganar
ninguém: é a cartilha do costume. O problema é que a cartilha do costume
está a levar rapidamente os jornais à irrelevância. E os jornalistas ao
desemprego. É que o Deus cristão também é grande. E não dorme.