quarta-feira, dezembro 11, 2019

Sobre a crise da cosmologia contemporânea: novos contributos.

‘Enquanto a mãe Ignorância viver, não é seguro que a sua filha Ciência especule sobre as causas ocultas da realidade.‘ 
Johannes Kepler  


Não há limite para a ignorância humana, e muito principalmente para a ignorância do género científico. Semana sim, semana sim surgem notícias catastróficas para a Física, por exemplo. Para além de não sabermos nada sobre a origem, a natureza e a geografia de uma esmagadora quantidade de matéria cósmica, parece agora que também desconhecemos a sua idade.

Nos últimos 50 anos os cosmólogos têm chegado a conclusões divergentes sobre a idade do Universo. Em função do método usado (decaimento para o vermelho, radiação cósmica de fundo ou galáxias locais) a conta foi oscilando entre os 13 e os 14 biliões de anos. Mas ainda assim, as divergências podiam, com uma certa dose de optimismo, estar dentro da margem de erro provável para estas contas de aniversário, dada a ambiciosa e complexa tarefa.

Muito recentemente, porém, Eleonora Di Valentino, Alessandro Melchiorri e Joseph Silk publicaram um artigo na Nature Astronomy que caiu como uma bomba de hidrogénio na comunidade atarantada dos astrofísicos. Se considerarmos, como novos dados evidenciam, que o Universo é fechado (tem uma forma e um perímetro), e se alterarmos a equação que mensura a idade do universo de acordo com esse princípio axiomático, o universo terá afinal 18 biliões de anos. São muitos biliões para que o Modelo Standard da Física continue a valer como se nada fosse. Ainda por cima, os autores deste paper explosivo anunciam que, a acreditar nesta matemática, a quantidade de matéria negra terá também que ser superior ao que supomos, mais na ordem dos 50% do que dos 25%. Quer isto dizer que, se calhar, aquela parte de 7% da matéria que achávamos que conhecíamos, deve ser ainda mais ínfima do que ingenuamente acreditávamos.

Assim sendo, somamos a uma ignorância grande, uma outra em excesso. A simpática e articulada astrofísica Rebecca Smethurst dá uma idea da hecatombe epistemológica aqui:



Os cosmólogos de hoje em dia, com raras excepções, até dão pena: o universo é para eles um verdadeiro mistério. Não percebem nada do assunto e estão sempre a ficar chocados com as evidências e como as evidências não encaixam nos seus cálculos dogmáticos, de aprendizes de feiticeiro. Apesar de não conseguirem fazer uma pequena ideia do que é a realidade, insistem na velha e singular certeza de sempre: Deus não existe. Deus não existe, ouviram bem? Deus não existe de certeza absoluta.

Ora, quanto mais leio e pesquiso e estudo ciência, mas convencido estou da existência de um Deus Criador. E que há verdades que não nos são dadas, precisamente aquelas que a ciência procura, e verdades que nos são bem servidas, como as inscritas numa obra de arte, expressas num aparelho moral ou consagradas numa confissão religiosa.

A este propósito, arrisco até a hipótese de que a ciência, no seu frenesim, faz perguntas para as quais já existem ancestrais respostas. Gerald Schroeder provou, nos anos noventa, que o Universo tem de facto 6 dias de existência, como está determinado no Antigo Testamento. E fez essa prova recorrendo à matemática de Einstein. Porque o fluxo temporal de expansão do universo é observado de formas diferentes em função da perspectiva e localização do observador, e porque, continuando na senda da Teoria da Relatividade Geral, um dia passado no local exacto onde o BigBang teve a sua ignição equivale a 1 trilião de dias passados na Terra, as contas da bíblia batem certo com os cálculos da física contemporânea sobre a idade do universo, de que falei nos primeiros parágrafos deste post. 6 dias para Deus, 14 biliões de anos para nós.

Como o espectacular Professor James Tour faz notar com rara eloquência e entusiasmo abundante no clip com que fecho este post, a ciência não serve para aniquilar a fé. Muito pelo contrário. Nos seus melhores momentos, reforça-a.

Sou cada vez mais agnóstico. Cada vez menos ateu. E qualquer dia dou por mim, bicho sem fé, a acreditar numa ideia de criação divina.