Acho que a Secretaria de Estado do Cinema, Audiovisual e Media é uma coisa obscena e desnecessária, e até meio salazarenta, para dizer a verdade inteira; tanto como penso que o sr. Nuno Artur Silva não passa de um estupor e de um embuste que é empregado pela República porque a República é uma ignomínia de clientelas inúteis e estuporadas. Mas o que me incomoda mais nem é isso dos servicinhos entre camaradas (as coisas são como são e até Cícero se deu à corruptela). O que me incomoda de sobremaneira nesta notícia é a avidez torpe - e moralista - com que o Observador se faz pedinte dos dinheiros públicos. Que prejuízo pode ter tido este triste e glorificado blog que justifique o gratuito subsídio? Enquanto fomos aprisionados em casa, o negócio destes senhores deve ter tido mais cliques do que em toda a sua fraudulenta e infame história. Se ainda assim perderam investimento publicitário ou não captaram assinantes é porque a gestão financeira, comercial e de marketing se mostrou altamente incompetente ou porque já há uns anos bons que andam a trair o seu público original ou porque simplesmente tiveram azar. Devem portanto aguentar-se à bronca como os outros todos que foram incompetentes ou que defraudaram as expectativas dos seus clientes ou que tiveram azar. O que é que faz do Observador uma entidade assim tão especial? Nadinha. Zero. Nicles. Niente. Rien de rien ou, como dizia o Redentor da Luz: bola. Trata-se de uma empresa como as outras (e já estou a ser super, hiper, mega simpático). Mais a mais, informou o jornaleco miserável, com credibilidade e rigor jornalístico (já para não dizer científico), o seu respeitável público sobre a natureza do Covid-19 ou a realidade da ameaça que representava? Não. De todo em todo e nem pouco mais ou menos. Salvo um recente e deveras tardio artigo de opinião do seu publisher - e o facto de ter sido dada voz a Jorge Buescu (com cujo pensamento no caso concreto do C-19 eu não concordo, mas que respeito imenso como cientista e ser humano) - a adolescente redacção limitou-se ao que faz melhor: propagar sem escrúpulos éticos ou receios de inteligência a contraditória e muitíssimo frágil propaganda do Estado Português, do Estado Chinês, da União Europeia e das Nações Unidas. O serviço público do Observador nos últimos 3 meses tem sido absolutamente nulo. E nos últimos anos também.
Acresce dramaticamente o facto de que um jornal que se apresentava na sua fundação com ideais liberais (ideais esses que foram entretanto completamente anulados por uma quantidade de razões entre as quais a mais espúria aldrabice) e que agora estica os calcanhares histericamente para encaixar uns milhares de euros do nosso dinheiro é, pura e simplesmente, uma vergonha axiomática. E exemplo gritante da imprensa que temos e porque é que já ninguém confia na imprensa que temos.
Mas se é verdade que, salvo a comunicação social de âmbito desportivo, que foi mesmo apanhada em contrapé, ninguém escapa à vilania, porque é que eu estou sempre a malhar no Observador? Esta é fácil: porque teclar sobre a restante imprensa mainstream, portuguesa ou não, deixa-me enojado dos meus próprios dedos.