quarta-feira, outubro 07, 2020

A discoteca da minha vida #66: "The K&D Sessions", Kruder & Dorfmeister

No momento da história da música popular em que, como nunca, Berlim convivia com Buenos Aires, Londres com o Rio de Janeiro e Los Angeles com Bombaim, numa quase pornográfica salganhada globalista - archote do optimismo sem rédea desta década - os campeões do fenómeno, espécie de Dupont e Dupond do drum and bass, são dois austríacos: o rapaz Peter Kruder e o rapaz Richard Dorfmeister. Desde 93 que estavam a tentar substituir o chip do ouvido a muita gente, mas é com o seu quarto lp, "The K&D Sessions" que substituem definitivamente o meu. A partir daqui, passei a ouvir música de outra maneira. Ponto.
Os 21 temas desta obra de patinagem artística numa selva tropical constituem um cânone pós-moderno que noutras artes raras vezes encontrarás, porque o pós-modernismo é mais um movimento de destruição do que de invenção. Acontece que os Kruder & Dorfmeister conseguem fazer da destruição, uma invenção. Entre ressureições de temas pop, dissertações dub e viagens ao Brasil, "The K&D Sessions", de 1998, é um paraíso perdido. Como todos os paraísos.
Se está alguém desse lado que não conheça este disco, rogo que invista uns minutos de acuidade auditiva na versão genial de "Useless", dos Depeche Mode, que deixo em baixo. É, ou não é, um perfeito exercício de ritmo? É, ou não é, um sacana de um manifesto estético?
Kruder & Dorfmeister. Até o raio dos apelidos soam bem.

 

Nota: Como o Blogger tornou a edição vídeo num pesadelo, a apresentação da discoteca da minha vida teve que sofrer alterações e agora vai ser disco a disco, o que se calhar até é mais justo para os artistas.