Verão de 2001. Está a passar na Voxx algo de novo. É eléctrico. É estridente. É ácido. É puro. E duro. É como o rock deve ser. É como o rock sempre foi. Mas é novo. E parece gravado numa garagem cuja acústica foi pensada para amplificar "O Grito" de Edvard Munch. Apuro o ouvido:
"Oh, people, they don't understand
No, girlfriends, they don't understand
In spaceships, they won't understand
And me, I ain't ever gonna understand"
Penso para mim mesmo: porra, quem são este gajos, pá? Que rocalhada baril-punk-maluca é esta? Por sorte, está um gajo dentro do sintonizador (Pedro Ramos, se bem me lembro), que me informa: The Strokes, "Is This It?" Vou a correr à Fnac e compro o sacana do disco. Passo semanas mergulhado na salganhada electrizante dos seus 11 temas. Sou conquistado. Juro eterna fidelidade.
Se o rock tem um Olimpo, os Strokes são o género de banda que terá lá o seu lugar-trono reservado, embora desconfie que vão passar uns anos largos para que seja ocupado, porque ainda no outro dia falava aqui da obra prima que é o último álbum desta super banda de Manhattan, "The New Abnormal". Julian Casablancas e companhia continuam a fazer música como os monstros que são, mas tenho de qualquer forma que eleger o primeiro disco. Porque é um marco, um triunfo, um pontapé no rabo do mundo, um raro momento de génio.
God Save The Strokes.