sábado, fevereiro 06, 2021

Uma imparável máquina de infelicidade.

O governo inglês, na sua magnânima sabedoria, está a estudar a hipótese de deixar que os pubs abram em Abril, desde que não vendam álcool. Imagino que Boris Johnson também deva ter equacionado a possibilidade dos barbeiros abrirem as suas portas, desde que não se corte lá o cabelo; e que os bordeis possam retomar o seu serviço público, desde que a prática de relações sexuais seja interdita; e que as lojas chinesas voltem a vender todo o tipo de artigos de quinta qualidade, desde que não sejam produzidos na China; e que as boutiques reabram, se não comercializarem artigos de vestuário; e outrossim as sapatarias, se não venderem mais que palmilhas, e que as gelatarias voltem a servir os seus clientes, mas apenas com bebidas quentes; e que os stands de automóveis regressem em força, na premissa de que não incluam no seu catálogo mais que bicicletas e trotinetes; e assim sucessivamente, até ao falecimento do bom senso; até à morte de qualquer remota hipótese de prosperidade; até que toda a gente, enfim, seja espoliada da mais pequena possibilidade de divertimento, de prazer, de alegria. Até que todos sejamos despojados do mais ínfimo vestígio de humanidade.