terça-feira, março 16, 2021

A direita não percebe a revolução e é por isso que está a perder a guerra.



"You don't get it Carl. They don't care about ratings as they don't care about votes. It's a bolshevik revolution. You don't need western elements of validation for it to succeed."
Comentário meu ao clip dos Lotus Eaters

Um dos problemas das esquerdas moderadas e das direitas, moderadas ou não, da actualidade é o de pensarem que a extrema esquerda respeita os valores e as regras da civilização ocidental. Desgraçadamente, não é esse o caso. Cabeças falantes como Carl Benjamin não conseguem perceber que, para os bolcheviques que organizam os Grammys, a questão das audiências é completamente irrelevante. Como para os aparatchiks da campanha de Joe Biden não interessava realmente a vontade popular, porque, como qualquer manual de normas estalinista ensina, as eleições não são ganhas por quem vota mas por quem conta os votos.

O slogan "get woke, go broke" é, neste contexto, bastante espúrio, já que o capitalismo de base neo-marxista não tem qualquer problema em sacrificar a rentabilidade em nome da ideologia. A falência é um mal menor porque, como já aconteceu por várias vezes nos últimos 15 a 20 anos, os estados têm sucessivamente impedido que as grandes corporações paguem pelos seus erros de mercado, desde que estas permaneçam fieis ao programa socialista e politicamente correcto, de vocação totalitária, que é a norma contemporânea.

A expressão "Too big to fail" é disso exemplo evidente. Em vez de deixarem cair as mega corporações que, por disfunção de gigantismo, corrupção intestina e má filosofia de gestão, criam triliões de prejuízo, os governos encarregam-se de salvar estas instituições, à custa dos contribuintes ou à custa do valor da moeda que imprimem desenfreadamente. O capitalismo são, que rejeita o monopólio e o gigantismo pelo gigantismo, aconselharia a contrariar e aniquilar empresas que são demasiado grandes. Mas o capitalismo neo-marxista promove precisamente essas empresas, que pela sua dimensão se tornam constantemente disfuncionais e que pela sua corrupção se mostram cronicamente vulneráveis e dependentes de apoios públicos, pelo que são mais fáceis de controlar, de forma a permanecerem em perpétuo conluio com os interesses operacionais e propagandísticos do estado.

Enquanto aqueles que defendem os valores da civilização ocidental não perceberem isto, vão permanecer num equívoco que anuncia a derrocada total. Por muito que Carl Benjamin, na verdade um bom rapaz que não tem o que é preciso para ser uma ameaça séria à revolução, se entreter a denunciar a esquizofrenia e a vulgaridade dos Grammys e a gozar com a respectiva queda das audiências televisivas, aqueles que edificam esse sistema vulgar e esquizofrénico nada têm que recear, porque o rapaz está a apontar as suas débeis baterias para as consequências da revolução, e não para o seu motor fundamental.

O drama de Carl é pensar que ainda vive num mundo que foi extinto já há décadas. E mesmo que tivesse poder para combater essa extinção (que não tem), o combate seria, fatalmente, tardio.