Chegou a altura de misturar um bocadinho de realidade neste rubrica de simulação.
Aqueles que me conhecem melhor - ou aqueles que frequentam este blog com um pouco mais de assiduidade (que na verdade são os mesmos) - sabem bem que a menina dos meus olhos é um automóvel: o VW Golf GTI MK7 Performance Pack de 2014. Como a generalidade dos Golfs GTI, é um carro completamente normal, confortável, educado e acessível, fácil de conduzir, previsível e sólido, que serve às mil maravilhas como um utilitário, ainda que gaste um bocado mais de gasolina do que um Golf normal. Também não como um Golf normal, anda que se desunha. Mas, sendo sensato como um engenheiro alemão, não é de todo uma besta que te queira assassinar na próxima curva. Nem pouco mais ou menos. Trata-se de uma bombinha pacífica.
A edição Performance Pack acrescenta ao GTI MK7 de série uns pouco expressivos 10 cavalos, somando assim a motorização 230, e um espectacular ajuste do já de si lendário diferencial XDS (já lá iremos), entre outros extras não tão dignos de nota.
VW Golf GTI MK7 Performance Pack de 2014 na vida real
VW Golf GTI MK7 de 2014 no Granturismo Sport
O Granturismo Sport inclui, no seu vasto portfólio de automóveis, o Golf GTI Mk7 de 2014, mas não a versão Performance Pack. É porém possível acrescentar os cavalos e ajustar os valores do diferencial. As jantes são diferentes, o Golf do GT Sport tem 3 portas e transmissão DSG de dupla embraiagem (que torna as transições de caixa muito mais rápidas e sem perda de potência) e o meu tem cinco portas e é manual, mas ainda assim, no essencial, conseguimos conduzir neste simulador o meu carro, mais ou menos como ele saiu de fábrica. E podemos levá-lo ao Nurburgring, para uma hot lap.
Já postei aqui por diversas vezes conteúdos relacionados com este circuito único, imperador do automobilismo. O traçado sinuoso e muito estreito de 20,4 kms, que data de 1927, integra 154 curvas, muitas delas completamente cegas, constantes subidas e descidas, alterações várias no piso, na aderência e na visibilidade. A extensão e as inúmeras variáveis de uma volta ao inferno verde fazem deste incrível autódromo um desafio radical mas apaixonante e a meca dos amantes das corridas em todo o mundo.
A volta que gravei é feita em 8'31''09, mas já fiz com este carro 8'28''06. E só para perceberem como a experiência virtual está próxima da experiência real, o tempo de referência oficial do Golf GTI Performance Pack para uma volta ao Nordschleife é: 8'29''00.
É claro que, e aqui é que está, talvez, a maior diferença entre a condução real e a virtual, não conseguiria fazer nenhum destes tempos se levasse de facto o meu carro ao asfalto de Nurburgring. Nunca teria tomates para descer as curvas e contracurvas muito técnicas de "Hatzenbach" a 170 à hora, nem habilidade para negociar "Fuchsrohre" em quinta velocidade, só para dar dois exemplos. Mais a mais, farto-me de abusar das bermas que no Granturismo não atiram com o automóvel para o rail mais próximo, contrariedade que de facto acontece na vida real (e noutros simuladores mais exigentes).
Mas vamos à volta:
A primeira sensação é que a modulação virtual do automóvel é bastante realista. O carro do GT Sport comporta-se basicamente como o seu equivalente real, a afinação de escape está perfeitamente reproduzida, principalmente nas altas rotações, a suspensão parece mimetizada com rigor, a maneabilidade está muito semelhante e o desempenho geral parece-me coincidir completamente com o original. Sinto de facto que estou a conduzir o meu carro e que o meu carro não me vai deixar ficar mal.
Costumo dizer que só um imbecil ou um suicida é que se mata, por culpa própria, ao volante deste automóvel. O que os alemães fizeram com o diferencial XDS é notável e mais notável ainda na versão Performance Pack. O comportamento do carro não pode ser mais linear e honesto. A direcção é precisa, progressiva e lealista. O controle de tracção é prodigioso (sem que sintas que é o computador que está a conduzir por ti) e o desempenho dinâmico do chassis está a um nível, para esta gama, absolutamente irrepreensível. E só assim é possível que um vulgar Golf possa negociar a fundo a difícil secção de "Hedwingshohe", sair depressa do impossível "Karrussel" ou atacar agressivamente as variantes cegas de "Wippermann" e "Brunchen".
Nunca fui a Nurburgring. E por isso não sei como é. Mas graças às tecnologias de simulação, faço uma boa ideia de como deve ser. Para quem não gosta nada de viajar, é um compromisso bastante satisfatório.