"Aman Iman" ("Água é Vida", em Português), o terceiro disco dos Tinariwen, editado em 2007, é qualquer coisa de sobrenatural. Ibrahim Ag Alhabib, a figura central da banda, transforma-se aqui e definitivamente num profeta da cultura berbere, grandiloquente e mágico interprete da voz de um povo, sereno contador de sofrimentos, inspirado trovador da liberdade.
Tive a sorte (e o mérito!) de os ver actuar ao vivo, no Forte de S. Filipe, em
Setúbal, em 2009, se bem recordo. Foi um daqueles concertos que
corresponderam inteiramente às minhas melhores expectativas, tanto a nível sonoro
como cenográfico.
Entre Jimmy Hendrix e Lawrence da Arábia, entre B.B. King e Carlos Santana, entre Bob Marley e Shaka Zulu, os Tinariwen erguem gloriosa e despudoradamente a sua bandeira de traficantes de poesia, de contrabandistas da música. São lindos. São uma banda monumental.