sábado, maio 15, 2021

Como recrutar um soldado. Duas abordagens cinemáticas.

Ok. Estes dois vídeos que vos vou mostrar falam pela fragilidade do Ocidente. Pelo declínio absurdo em que mergulhamos. E falam com eloquência lapidar.

Este aqui é um filme de recrutamento para o exército russo:

Podem activar o auto-translate nas opções, para perceberem o que diz a voz off, mas a ideia é a da redenção através do serviço militar: não importa a pessoa que foste até aqui. Importa a pessoa que vais ser a partir de agora. Ultrapassa os teus limites físicos e morais. Tu és o inimigo de ti mesmo. Vence-o. Sem inimigos não há glória. Alcança-a. O filme valoriza a masculinidade, a virtude que provém de um desafio difícil e transcendente, o patriotismo. A cinematografia acompanha o espírito da mensagem: parcimónia cromática, planos rápidos e agressivos, foco no rosto do protagonista, que é um gajo giro, duro e robusto, de linhas fisionómicas bem marcadas. 

Aqui entre nós: não está nada mal, pois não?

Muito bem. Agora vamos ao filme de recrutamento do exército americano:



Bom Deus. A ideia aqui é vender o serviço militar como destino óptimo para um extremista ideológico woke, delicada criatura que foi criada por duas lésbicas e está de tal forma desorientada na vida que não tem outro remédio a não ser alistar-se para operar uma plataforma de lançamento de mísseis. A escolha de carreira não pode ser mais sinistra e ajusta-se completamente a um cobarde. O narrador em off é uma criança (!) e a narrativa não pode ser mais lamechas e insidiosa. Não há heroísmo nem redenção nem virtude nem transcendência nem patriotismo. Não há valores para além da descarada propaganda LGBT. Não há mensagem para além da afirmação Black Lives Matter.

Ainda por cima, o objecto propagandístico é construído com recurso a um estilo de animação cuja linguagem plástica podia muito bem ser adequada a um remake da Branca de Neve, se esta entretanto já não tivesse sido cancelada pelo fascismo woke. No correr do filme o bom senso grita por dentro do cérebro: "caraças, esta merda não faz sentido nenhum."

Agora digam-me: em caso de uma guerra e considerando que os americanos têm sido o factor decisivo nas vitórias da civilização ocidental nos últimos cem anos, estamos completamente fodidos ou não?

É claro que estamos.

A não ser que, como eu estou inclinado a pensar, o novo guardião dos valores ocidentais seja a Rússia. Nesse caso, fico muito mais aliviado.

E sim, sim, os deuses devem estar loucos.