Os resultados eleitorais do Labour Party britânico vão de maus a péssimos, sendo que nas recentes intercalares para os órgãos municipais a coisa ainda correu pior do que nas legislativas do ano passado, com derrotas estrondosas em regiões de eleitorado blue collar em que o partido nunca na sua história tinha perdido.
As razões deste apocalítico estado comatoso estão em aberto. Mas eu, na
minha ignorância, desconfio que deve ser, talvez, porque a estratégia de
tratar os eleitores como racistas, sexistas e ignorantes é capaz de não
ser lá muito esperta, não sei. Isto e, claro, o facto de que grande
parte dos altos quadros do partido não esconderem as suas tendências
marxistas, para não dizer soviéticas. Na minha muito humilde opinião,
não creio que o marxismo-leninismo seja assim tão apelativo para a
generalidade dos ingleses. Mas posso estar enganado claro.
Também não deve ajudar, salvo melhor arbítrio, o perfil do actual líder do partido trabalhista, ou melhor, a ausência de perfil. Sir Keir Rodney Starmer é um aristocrata transparente e ausente e apagado e conformista que não pode estar mais longe das realidades da classe média e média-baixa inglesas. Que não pode ser mais politicamente correcto do que já é, sendo certo que a ideologia woke não parece ser muito apelativa para o eleitorado do Labour, como as eleições de 2020 e o desastre Jeremy Corbyn já tinham inequivocamente demonstrado.
Mas isto é só uma apriorística e irrelevante e subjectiva e ignorante apreciação minha e que sei eu?
Uma coisa é certa, o Labour comete a cada dia que passa, uma espécie de suicídio através do assassinato dos valores que por diversas vezes o projectaram para o poder no Reino Unido. Os valores de Tony Blair, por exemplo e quer se goste deles quer não. Esses valores, que compreendem a defesa da classe operária, a valorização do trabalho, a protecção dos interesses da nação e um certo paternalismo da segurança social sobre os ingleses nativos, são hoje completamente inexistentes na esquerda britânica. A esquerda britânica não tem interesse nos britânicos, que na verdade despreza e está muito mais vocacionada para ser popular no Twitter.
Boa sorte.