segunda-feira, agosto 16, 2021

A discoteca da minha vida #101: "Attack And Release", The Black Keys.

Parece que o ano de 2008 é uma colheita fenomenal. E eu estou claramente a embebedar-me com os discos deste sagrado ciclo solar.

"Attack And Release" não é o melhor disco dos Black Keys (o melhor disco deles é "Tighten Up"), mas é o último antes da fama global. É o último "de garagem". É o último antes de começarem a fazer parte de um número muitíssimo reduzido de bandas do século XXI que podem rivalizar no concurso para a melhor orquestra rock de todos os tempos.

Ainda assim, rebentam coisas destas:



Encho todos os números desta discoteca com adjectivos e superlativos e delírios sintáticos e exageros semânticos de toda a ordem e por isso, quando chego aqui, aos Black Keys, fico sem palavras. A vantagem é que os dois semi-deuses de Akron, Ohio, não precisam das minhas palavras para coisa nenhuma:



E não que "Attack and Release" seja um albúm imaturo. Na verdade é o quinto LP da banda, que lançou o seu primeiro trabalho, "The Big Come Up", sete ano antes. É precisamente este percurso clandestino de tantos anos de insistência e coerência que faz dos Black Keys um fenómeno à parte do universo conhecido. Porque Dan Auerbach e Patrick Carney nunca estiveram realmente interessados em fazer música para serem estrelas rock. Como o último disco, deste ano, prova completamente, os Black Keys estão interessados em fazer a música que lhes apetece fazer. Acontece é que, quando tens talento assim monstruoso, mais tarde ou mais cedo acontece-te a desgraça repentina de fazeres parte de um número muitíssimo reduzido de bandas do século XXI que podem rivalizar no concurso para a melhor orquestra rock de todos os tempos.
Nem que seja só por causa desta música:



Aposto que há fans dos Black Keys que aqui vieram parar e que nunca tinham ouvido estas três obras-primas. E é precisamente nessa expectativa, se calhar parva, mas bem intencionada, que escolhi este disquinho maluco.

E é claro que levava os Black Keys comigo, para uma ilha deserta, se só pudesse ser acompanhado nessa solidão por uma banda. Porque no meu ensurdecido entendimento de 54 anos de cantigas, esta é a banda vencedora no concurso de melhor orquestra rock de todos os tempos.