Tens uma dor nas costas. A dor arrasta-se pelos dias e piora. Quando já não consegues trabalhar, decides dirigir-te a um serviço robotizado de atendimento permanente. O Robot Segurança tira-te a temperatura à entrada com uma pistola do século XXII. Sentas-te e esperas. És submetido a uma breve entrevista pelo Robot Burocrata. Esperas. És submetido a uma breve entrevista pelo Robot Enfermeira, que te submete à Triagem de Manchester: dão-te uma pulseira verde e esperas. És submetido a uma breve entrevista pelo Robot Doutor. Esperas. És submetido a tratamento intravenoso por um outro Robot Enfermeiro. A partir daqui ou continuas a esperar para seres submetido a nova entrevista pelo Robot Doutor, seguida de uma outra, conclusiva, entrevista com o Robot Burocrata ou escapas-te. Não tem que enganar: sais para a rua e ainda trazes no braço a agulha nanométrica de espessura e quilométrica de comprimento. Os robots não te perseguem. Não foram programados para pacientes impacientes e, assim como assim, a conta há-de chegar por correio. Tiras do braço a agulha impossível. Sentes-te melhor. Agradeces o santo alívio à robótica do teu século; e à tua mulher, a magnífica empada de pato que te espera em casa. Jantas, bebes café e vais trabalhar.