A altivez de fidalga asiática,
o nome cristão, da fé que recusaste.
A tua razão matemática
nos Arraiolos que desenhaste.
A elegância ágil, de ginasta,
o carinho atento e discreto;
a tua filosofia iconoclasta
sem necessidade de alfabeto.
A maneira de seres portuguesa,
a tua esquerda conservadora.
A negativa certeza
que usavas como tesoura.
A cozinha de três continentes,
a tua educação esmerada;
o silêncio entrementes
com que presidias à consoada.
Perdi o que em ti temi e respeitei:
a companhia de uma senhora.
A vida só obedece a uma lei
que rouba tudo, que tudo penhora.