quarta-feira, setembro 29, 2021

A tropa como elogio do desperdício.

A propósito desta conspiração de estúpidos aqui, tenho que vos perguntar, aleatórios ou periódicos visitantes do Blogville: as forças armadas desta miserável república servem para quê, exactamente? Qual a utilidade, práctica ou teórica, dos mil e oitocentos milhões de euros que pagamos anualmente para que soldados (poucos) cocem os tomates, oficiais (muitos) façam uma carreira rentável e confortável sem que alguma vez tenham disparado um tiro ou prestado qualquer tipo de serviço público relevante, e um imenso e paralítico conjunto de burocratas seja onerosamente cooptado para que se possa dizer que existe um controlo civil da tropa?

As forças armadas estão preparadas para defender o país perante um agressor externo? Claro que não. O reduzido número de efectivos e o carácter paleolítico do equipamento militar não permite tal expectativa. Até Andorra conquistaria Portugal, se disso dependesse a operacionalidade da defesa pátria.

As forças armadas contribuem para a segurança de pessoas e bens? Claro que não. Como observamos sempre que Portugal começa a arder, a mobilização militar é nula ou incipiente. Como registámos durante a pandemia, a capacidade de disponibilizar apoio hospitalar ou médico às populações civis é inexistente.

As forças armadas contribuem para a integridade do perímetro fronteiriço do país? Claro que não. Portugal sempre foi, é e será um paraíso para o trânsito de todo o tipo de tráficos.

Com excepção de alguns regimentos de forças especiais, como aqueles actualmente destacados para a República Sul Africana, e cujos efectivos se contam pelas centenas, as forças armadas desta república são o espelho desta república: despesistas, inoperantes e lideradas, tanto no segmento militar como no segmento civil, por declarados imbecis.

A verdade do que digo confirma-se pela excepção: se há um militar que de repente mostra algum índice de competência, como aconteceu com o vice-almirante Gouveia e Melo, o país fica de queixo caído. Será possível que exista um oficial capaz na Marinha? Espantoso. Vamos já promovê-lo a Chefe do Estado Maior, admitindo sem hesitações que o anterior líder não estava lá por mérito, mas por fatalismo carreirista.

É óbvio que, como membro da NATO (organização que caiu entretanto na mais total irrelevância), Portugal tem a obrigação de subsidiar uma qualquer força militar, que seja minimamente pertinente. Mas esta força militar que subsidiamos tem a pertinência de um boi manso na arena de uma tourada.

A tropa portuguesa, como está instalada, é um desperdício de dinheiro e de tempo e de fardas. E um abuso da paciência de quem paga por este faz de conta degradante e inútil.

Não seria de esperar outra coisa.