A discoteca da minha vida #106: "Civilized", Stellastarr
Esta é talvez a mais obscura banda da discoteca da minha vida. Eu só conheço este "Civilized", de 2009, que é o último dos três trabalhos de estúdio que os Stellastarr se deram ao trabalho de editar. Gosto deste disco e destes quatro malucos que o gravaram por razões que a razão não explica. É alternativo em dose dupla. É emocional - e emocionante - à brava. É deveras festivo, mesmo quando não o é. Celebra a música. Celebra um certo optimismo que preside a qualquer ópera rock, mesmo quando os intérpretes se suicidam a seguir. É inocente e barulhento. É histriónico como deve ser. É descomprometido como deve ser. É brutal e sensível, piegas e valente; independente no mais genuíno sentido da palavra. É tudo menos nova iorquino, o que não é dizer pouco, porque a banda é dessa cidade maldita originária. Mas se originários fossem de Tóquio, dava no mesmo:
Os Stellastarr são invulgares como o nome com que escolheram ser baptizados. Estavam a estudar design quando decidiram ser músicos. Chegaram a ser banda de suporte dos Placebo, mas abandonaram a perspectiva de serem famosos (que Deus os abençoe por isso). Enfiaram-se em projectos musicais ainda mais obscuros do que este e sobreviveram só para poderem desistir de tudo. Inclusivamente deles próprios. Espécie de banda morta-viva, são os zombies do rock do Século XXI:
Mas há aqui, nesta estranheza que se entranha, uma vontade universalizante, se bem que eremita, de estar à parte. De ser marginal. De brilhar na escuridão. Os Stellastarr estão a leste do paraíso. São esquisitos. São inclassificáveis. São freaks. E eu gosto deles. E é assim.