Milhões de pessoas no mundo ocidental estão a optar por serem subsidiadas, calculando que entre o que ganham para trabalhar e o que os governos lhes decidem pagar para não fazer nada (por volição ideológica ou consequência dos mandatos de confinamento estabelecidos a propósito da pandemia), a opção racional é a de aceitar a esmola do estado.
Acontece porém que estas políticas de subsidiação em massa deixam as empresas com uma excelente justificação para automatizarem os seus postos de trabalho. Na ausência de mão de obra disponível, a escumalha de Sillicon Valley vai inventar soluções tecnológicas que, apresentando custos operacionais e fiscais significativamente inferiores, substituem lindamente a acção humana.
E assim sendo, quando as pessoas, porque o estado lhes retirou entretanto os subsídios ou porque já foram intelectualmente agredidas com o catálogo todo da Netflix e estão aborrecidas e deprimidas até ao ponto do suicídio, quiserem voltar a ocupar uma posição funcional na sociedade, essa posição que detinham outrora já não existe na realidade.
A ironia é que este processo, que é nitidamente produto de um conluio entre as superestruturas económicas e burocráticas, vai deixar, a prazo, toda a gente na miséria. Os estados, já de si deficitários, não têm capacidade de subsidiar eternamente as enormes e crescentes fatias da população que, graças às políticas fiscais e sociais destruidoras do emprego que têm desenvolvido nas últimas décadas, vão ficar dependentes dos subsídios públicos. Até porque não poderão criar políticas fiscais que penalizem as empresas que trocam, em larga escala, os postos de trabalho por máquinas mais ou menos espertas, porque essa troca deriva directamente das medidas impostas pelos governos. As empresas, mesmo que com custos operacionais reduzidos pela robotização, vão ver as receitas diminuir porque não há capitalismo sem poder de compra. E assim sucessivamente.
É hoje mais que evidente que o projecto último das elites globalistas é precisamente este imparável e soviético movimento de destruição civilizacional pelo empobrecimento dos estados nacionais e das suas populações. E que será através do desespero e da miséria que, como historicamente sempre acontece, se desencadeará a última das batalhas pelo domínio totalitário do mundo.