quinta-feira, novembro 25, 2021

As Cinco Vias de S. Tomás de Aquino.

"Terá que haver um primeiro motor que exista sobre todos – e a esse motor chamamos Deus."
S. Tomás de Aquino . Suma Teológica


Os escritos dos antigos filósofos pagãos confirmam os ensinamentos bíblicos de que é possível aos seres humanos conhecerem a existência de Deus sem nunca terem lido a Bíblia, testemunhado um milagre ou experimentado um momento de revelação metafísica. Não observamos Deus diretamente, mas pelo que vemos e experimentamos do mundo natural, podemos inferir que algo deve estar por trás da realidade cósmica. Algo que é responsável pela grandeza, pela beleza e pela ordem do mundo. É a essa entidade que descortinamos instintivamente na realidade que chamamos Deus.

No clip em baixo, o Frei James Bent coloca neste contexto os argumentos que S. Tomás de Aquino postulou em favor da existência de Deus (as célebres "Cinco Vias" do Suma Teológica) e que são:

1° argumento: o Motor Imóvel

O movimento existe: isso é evidente aos nossos sentidos. Ora, se aquilo que se move é movido por alguma força, por algum motor, não é intelectualmente satisfatório pensar que cada motor seja movido por outro motor, sendo este, por sua vez, movido por outro motor, e assim sucessivamente até ao infinito: é razoável que exista uma origem primeira do fenómeno do movimento, ou um motor que move sem ser movido. Esse primeiro motor imóvel teria que ser Deus, o Criador de todo movimento.

2° argumento: a Causa Primordial
Se todo o efeito tem uma causa e cada causa é o efeito de outra causa, caímos no mesmo ciclo indefinido e infinito do problema anterior, o que não é satisfatório para uma honesta busca intelectual de respostas claras ao problema da existência de Deus. Qual seria a causa primeira das outras causas, uma causa que não seja provocada por nenhuma outra?

3° argumento: o Ser Não Contingente
Se todos os seres são finitos e contingentes, a sua razão ontológica depende necessariamente de um axioma não contingente, de um poder infinito, caso contrário nunca seriam dados ao mundo ou cessariam por completo de existir, o que é tão absurdo quanto afirmar que aquilo que existe foi gerado a partir do nada, sem qualquer causa primeira e sem qualquer motor imóvel. Acontece que a própria existência dos seres contingentes implica a imanência de um Ser Necessário, não contingente, que simplesmente “é”: Deus.

4° argumento: o Ser Perfeito
Podemos claramente perceber que uma coisa é maior ou menor que outra, menos ou mais verdadeira que outra, o que significa que somos capazes de compreender que os seres finitos têm algum grau de perfeição, mas nenhum representa a perfeição absoluta. Esta, no entanto, existe necessariamente, dado que há seres que a possuem em algum grau. Assim, o grau primeiro da perfeição do ser terá que ser Deus.

5° argumento: a Inteligência Ordenadora
Todos os seres tendem a uma finalidade que não é obra do acaso, mas de uma inteligência transcendente que os dirige. Logo, é preciso que exista um ser trancendentemente inteligente que ordene a natureza e a encaminhe para a sua finalidade: esse ser inteligente terá que ser Deus.