quarta-feira, novembro 24, 2021

Jesus nunca cancelou ninguém.

Esta senhora no clip em baixo, entrevistada pela Megyn Kelly, Kathie Lee Gifford de seu nome, é guionista de Hollywood e portanto um produto da mentalidade elitista que hoje em dia representa em boa medida aquilo que considero o inimigo. Mas, para minha própria surpresa - e salvação moral - escreveu recentemente um livro, "The Jesus I Know: Honest Conversations and Diverse Opinions About Who He Is", que, apesar de integrar entrevistas com horrorosos personagens que infectam totalmente as classes altas da Califórnia, que apesar de manifestar ideias acríticas e até ignorantes sobre Cristo e a sua mensagem, não deixa de ser um caminho de pacificação da sociedade.

Porque só através dos valores cristãos, e do seu vencimento, é possível a paz.

E eu estou de acordo com ela. A única maneira plausível de resolver sem sangue o conflito civilizacional que está em curso, é através de Cristo. Dos ensinamentos de Cristo. Nem que seja porque: Cristo nunca cancelou ninguém (poça, esta frase é um verso).

Na corrente etapa da minha existência, considero-me filosoficamente cristão e racionalmente convicto da existência do Deus de Abraão. Mas não sigo na verdade, aqui no blog, e também na vida de todos os dias, os ensinamentos do seu filho. Não é que não tente. Mas são difíceis de cumprir, caramba. Os ensinamentos de Cristo são na verdade excessivamente exigentes com a condição humana. O que faz todo o sentido, porque o que ele exige não é complacência ou comiseração. O que ele exige não é nada que te transporte para os teus sonhos de prosperidade maluca, afirmação egotista, realização profissional, completude passional. O que ele exige é transcendência. O que ele exige é que tu faças o possível e o impossível para superares a tua condição.

Como Platão, Jesus não está interessado na tua humanidade mas na remota hipótese de seres digno para além dela. De seres corajoso para além dos teus instintos. De seres generoso para além dos teus interesses. De seres verdadeiro para além das tuas conveniências. De seres justo para além da tua pobre e enviesada noção empírica do que é a justiça.

Ouvir esta senhora, mesmo que por breves minutos, fez de mim um cristão melhor. Mais tolerante. Mais justo. Menos humano, no sentido em que Cristo é desumano nas suas demandas.

Sete minutos de redenção.