quarta-feira, novembro 10, 2021

Parece que a realidade é constituída por bits de informação.

Falta descobrir a identidade do programador.

"It takes a programmer to make a program."
Stephen Meyer
. Darwin’s Doupt . 2013.

Entre Demócrito e Max Planck há um momento em que biólogos e astrofísicos e filósofos e matemáticos de todos os tempos parecem estar de acordo: a realidade é um fenómeno de natureza atómica, no sentido em que é divisível em bits de informação, pequenos e aterefados dígitos constituintes de um complexo código que faz o universo funcionar. No DNA como no teu telemóvel, fiel leitor, há uma manifestação cibernética comum, binária, encriptada, um fluxo informacional ininterrupto que está por de trás da engenharia cósmica.

Sabemos porém, pela experiência empírica de todos os dias, que não há informação sem quem a reporte e que não há código sem programador. E sabemos também que não há jornalismo, nem informática, sem inteligência. O gato Rex pode ser uma estrela no Youtube, mas só porque o seu dono sapiens, para fugir ao tédio, reportou a fofura. Coisas e animais, regra geral, não codificam aplicações nem chegam a chefes de redacção. Só o Sapiens, que se saiba, é capaz desse género extravagante de actividades. Mas sendo certo que não foi nenhum humano que criou o código da criação, quem foi esse génio? Que hacker omnipotente está por trás da concepção e implementação do cosmos? Não podemos saber. Mas podemos com certeza ir perguntando por ele.

Tanto mais que, se calhar, o bill gates disto tudo deixou pistas espalhadas por aí. Por exemplo, o estranho e omnipresente Pi, número irracional que domina a matemática das pirâmides de Gizé, das curvas dos rios, da órbitas planetárias, e de tudo o que se apresenta redondo na natureza, pode encerrar mais informação do que a sua infinita e aparentemente aleatória progressão decimal deixa perceber ao olho menos atento. 

Não há, por exemplo, razão probabilística que justifique a presença de seis noves a partir da casa decimal 762 deste famoso número. O ponto Feynman (foi o célebre professor que o descobriu) não faz sentido se pensarmos que a progressão decimal de Pi será aleatória. Nesse caso, a probabilidade de um algarismo igual surgir seguido nove vezes é de 0,08%. Mais recentemente, um computador com a missão de calcular decimais de Pi encontrou na posição decimal 17.387.594.880, a sequência 0123456789, fenómeno ainda mais improvável.

Como também acontece com a sucessão dos números primos, não sabemos que padrões estão escondidos na imensidão decimal de Pi, muito simplesmente porque não conseguimos calcular mais que uma ínfima parte da sua infinita ordenação. Mas essa ignorância não significa, claro, que relevante informação sobre os segredos da criação não esteja lá encriptada, à espera que a humanidade a descodifique.

Acontece que a ignorância pode e deve ser um motor da curiosidade. E aqueles que negam, de forma que a cada dia que passa parece mais e mais dogmática, a hipótese de um criador do cosmos, estão na verdade a ter uma atitude muito pouco científica: estão a impossibilitar o conhecimento.