sexta-feira, dezembro 10, 2021

Tirania embriagada de Downing Street.

Uma boa parte da imprensa inglesa está a assobiar para o lado, relativamente ao escândalo das festas de Natal (foram seis!) que em pleno lockdown de 2020 os membros do executivo inglês decidiram organizar e frequentar. Enquanto até a desgraçada da Rainha de Inglaterra teve que aguentar o velório do seu marido na solidão constrangedora que ilustro de seguida, os membros do governo de Boris Johnson embebedavam-se alegremente sem qualquer preocupação com a pandemia.

A razão pela qual alguns jornais ingleses estão a ignorar o escândalo monumental ou, pior, a esconder a lista de individualidades proeminentes que frequentaram as ditas festas é fácil de adivinhar.


É que os jornalistas também foram convidados. E também compareceram nos beberetes. Não são só os políticos que nos obrigam a mandatos que eles próprios não cumprem. A malta da imprensa, sempre tão pressurosa em emitir a propaganda dos regimes, sempre tão escrupulosa em aconselhar as restrições, por mais imbecis ou draconianas que elas sejam, também acha que esses mandatos são para a ralé apenas e que não se aplicam aos semideuses dos círculos do poder, de que fazem parte (ou acham que fazem, porque na verdade são apenas idiotas úteis).

No que importa a Boris Johnson, a estratégia de gestão do escândalo é a do cego e alucinado pontapé para a frente: mais restrições para este Natal e a sugestão de que a obrigatoriedade das vacinas é o próximo passo no combate à pandemia. Isto num país que está vacinado a 80% e onde as taxas de infecção são maiores entre os vacinados do que entre os não vacinados e a diferença entre os mortos vacinados e não vacinados é basicamente nenhuma, desde Abril deste ano.

Há neste momento muita gente em Inglaterra que diz à boca cheia que o governo de Boris está condenado e que o primiero ministro terá, mais cedo do que tarde, que levar a sua cartinha de demissão à formalidade da caixa de correio do palácio de Buckingham. O que é realmente aflitivo para os ingleses, porque entretanto o translúcido Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, poderá, sem saber ler nem escrever, aceder à chefia executiva desta triste nação. E nesse caso, o que hoje já é muito mau, será amanhã muito pior.

Conclusão: votando à esquerda ou à direita, com Boris ou com Starmer, com a variante Delta ou com a Variante Omicron, com União Europeia ou sem ela, os ingleses estão completamente entalados. A culpa é deles, claro, até porque:

Esta é uma lei universal: os bois têm sempre, mas sempre, o curral que merecem. No caso britânico, o curral é um inferno de categoria bíblica.