é ficares sozinho, na tua razão. É considerares, para tua enorme infelicidade, que sempre te deste com cobardes. Com criados. Com invertebrados. Com bois obedientes, perante o matadouro. Com gente que na verdade nunca percebeu bem a sorte que teve. Que nunca equacionou que a sorte que teve não é sorte nenhuma. Que a sorte que teve traduz milhões de valentes azarados, milhões sobre milhões de seres humanos que pereceram voluntária ou involuntariamente (vai dar no mesmo) em nome de valores que agora estes tipos que tu julgavas que eram teus amigos dão de barato, ao sabor do histerismo da imprensa, das ordens de políticos corruptos, da pressão de corporações manhosas como o diabo, dos mandatos de cientistas barra fascistas de trazer por casa, felizes no seu absolutismo amador e totalitário.
Fico parvo porque das duas uma: ou fui eu que ensandeci, ou foram eles que se transformaram em vis e servis instrumentos do processo tirânico em curso.
Estou mais inclinado a acreditar na veracidade da segunda hipótese. Mas seja como for, estou fodido. E esse é que é o objectivo último das "autoridades": reconheças que és tu o insano ou identifiques a insanidade nos outros, nunca sais bem, nunca sais livre, nunca sais digno, nunca sais saudável, nunca sais acompanhado, nunca sais direito desta merda.
E quanto mais torto ficares, mais episódios Netflix vais consumir.