sábado, janeiro 22, 2022

Boas notícias. Para quem vive no inferno.

Nunca fui um optimista. E dado o percurso histórico a que tenho assistido no correr da vida, mais pessimista fiquei. Neste contexto, qualquer coisa que tenha a ver com "boas notícias" é suspeito. O que é que são "boas notícias" no satânico contexto actual? Para que algo mude radicalmente - e muito teria que mudar radicalmente para termos esperança no futuro - uma série de eventos nefastos teria que ocorrer. E isso também não seriam "boas notícias". Nem pouco mais ou menos.

A gravidade do problema civilizacional é precisamente essa: estamos de tal forma enfiados no labirinto despótico em que laboriosamente nos colocaram que para sair dele não há solução pacífica, sem sofrimento nem sangue nem fome nem miséria nem crueldade. É tarde demais para o diálogo, a reforma, o compromisso, as ferramentas convencionais da democracia liberal. Os agentes do processo totalitário em curso já estão excessivamente implicados nos crimes cometidos para voltarem atrás. E há muitos milhões de vítimas desse processo que já perderam a capacidade da misericórdia há muito tempo. Uns ou outros acabarão aniquilados.

Ainda assim e quem diria, Paul Joseph Watson deu-se ao trabalho de coleccionar alguns factos positivos, que aconteceram nas últimas semanas ou meses. Como eu no outro dia também fiz (estava mais bem disposto), e com base em factos na sua maior parte semelhantes ou iguais aos que enumerei na altura.



Mas se este relatório te anima, inocente leitora; se encontras aqui motivos para acreditar que o mundo em que foste criado ainda não está completamente perdido, crédulo leitor, é porque és um optimista irredutível. Porque na verdade, as "boas notícias" são sempre relativas ao contexto em que se encontra o receptor da mensagem. Se foste alojado no inferno, talvez aprecies saber que a temperatura vai baixar dois ou três graus. Mas o que isso realmente quer dizer é que vais ser cozido mais lentamente.

Um exemplo não alegórico do que digo: só quem vive num ambiente político dantesco é que acha que a hipótese de Hillary Clinton se voltar a candidatar à presidência dos EUA é uma boa notícia. Se vivêssemos num mundo normal, esta proposta seria aceitável apenas numa rotina de humoristas. De maus humoristas.

É que o Ocidente entrou por um caminho de trevas profundas e é preciso ter muito, mas mesmo muito cuidado com a luz que vamos encontrar no fim do túnel.