Na sua primeira homilia de 2022, O Bispo Barron disserta sobre a falácia pós-moderna de que a religião e a ciência são velhas adversárias. Não são e se atirássemos esse axioma para cima de uma conversa com Newton ou com Copérnico ou com Leibniz ou com Mendel ou com Tesla ou até com Max Planck, a reacção destes monstros da epistemologia seria a de espanto, estranheza e negação.
É porque o credo cristão não diviniza a natureza, como a maior parte das restantes religiões, que a ciência tem a oportunidade de investigar a realidade. É com base no conhecimento acumulado e na vontade dialéctica das academias cristãs dos séculos XIV, XV e XVI que a ciência moderna desenvolve a sua actividade perscrutadora e ganha a credibilidade que tem hoje.
Mais e fundamentalmente: é graças ao "Logos" divino com que o evangelho de João anuncia a criação e que torna inteligível o universo, que a ciência procura conhecer o cosmos. O facto de vivermos num universo cognoscível não é óbvio - nem possível - sem a presença de um Deus criador. Os padrões, as leis, a ordem que a ciência procura e descobre na natureza identifica na verdade uma intenção divina.
A religião não anula a ciência. Até porque precisa dela para ultrapassar o patamar da superstição. A ciência não implica nem traduz a ausência de Deus. Até porque decorre e depende da ordem divina. Não perceber isto é não perceber nada da história do conhecimento nos últimos 6 ou 7 séculos da história do Sapiens.