quinta-feira, fevereiro 17, 2022

A discoteca da minha vida #109: "The Boxer", Kele Okereke







O vocalista dos Bloc Party, que apenas como vocalista já é um gigante do rock, também tem uma carreira a solo. O som que sai é menos rockado. É mais pista de dança. Mas é completamente cinco estrelas. Senão vejamos:



"The Boxer", de 2010, o primeiro trabalho por conta própria de Kele Okereke, é um verdadeiro strob electrónico, para dar asas aos tornozelos e imaginação ao pescoço. Minimal, repetitivo, com uma força rítmica brutal, este disco quer que a discoteca só feche às dez da manhã.



Talvez por ser filho de nigerianos, talvez por ser um criativo maluco por natureza, Kele aproveita a distância dos Bloc Party para se reinventar e construir um palco sonoro meio tribal, muitas vezes assíncrono, francamente arriscado, espécie de movimento libertário que se concretiza numa obra original, frenética e poderosa.



Este rapaz de Liverpool é um prodígio. A sua capacidade vocal, carregada de sensibilidade e disponível para uma multidimensionalidade de graduações, entra neste disco como Jesus em Jerusalém: para salvar os pecados da música indie.



Um álbum para levar para uma ilha deserta, enchê-la de gente e fazer uma rave.