Anda p'lo breu da noite à procura
Das gaivotas perdidas no mar
Essa estátua febril e madura
Que se dobra e põe a pensar
Ao cavaleiro da triste figura
não há quem lhe queira valer
Anda p'lo breu da noite à procura
De se encontrar, de se perder
Anda p'la praça da noite escura
Desbravando os caminhos do pão
Essa estátua dobrada e madura
Não há quem a levante do chão
Não há quem a levante do chão
Anda p'lo breu da noite à procura
Das gaivotas fugidas da terra
Essa estátua de fraca armadura
Cavaleiro com saudades da guerra
Ao homem que se põe a pensar
Que desbrava caminhos em vão
Caído na praça, regressado do mar
Não há quem o levante do chão
Vem a febre, deixa-se arder
A essa estátua dobrada p'la usura
Não há quem lhe queira valer
Não há quem lhe queira valer
Vejam bem
Que não há só gaivotas em terra
Quando um homem se põe a pensar
Quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar
E se houver
Uma praça de gente madura
E uma estátua
E uma estátua de febre a arder
Anda alguém
Pela noite de breu à procura
E não há quem lhe queira valer
E não há quem lhe queira valer
Vejam bem
Aquele homem a fraca figura
Desbravando os caminhos do pão
Desbravando os caminhos do pão
E se houver
Uma praça de gente madura
Ninguém vem levantá-lo do chão
Ninguém vem levantá-lo do chão
Vejam bem
Que não há só gaivotas em terra
Quando um homem
Quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar
Zeca Afonso . Vejam Bem