Banda de estimação deste vosso criado, os suecos Shout Out Louds fazem música desde o princípio deste século e ainda estão em actividade (lançaram um disco em 2022).
Dos seis longa duração que produziram entretanto, conheço quatro e este sofisticado e aprazível "Work", de 2010, é aquele que talvez tenha de forma mais absoluta dominado o território acústico da minha sensibilidade.
Esta espécie de música ligeira, melódico passeio dos alegres que é feito para alegrar o coração e entreter o desespero, sempre me agradou deveras. Há qualquer coisa de profundamente positivo e optimista nestes rapazes de Estocolmo que me deixa sempre bem disposto. Que faz com que veja a vida com outros olhos.
O disco não tem um tema que não seja uma cuidada, burilada e aveludada obra pop. Ao upbeat delicodoce que é a imagem de marca dos Shout Out Louds, "Works" acrescenta alguma selvajaria, alguma intensidade épica, que rebenta de forma máxima no último minuto de "Walls", um tema que dura apenas três minutos e meio mas que podia prolongar-se por horas sem chatear nadinha.
Não sei se os Shout Out Louds caem bem nos tempos escatológicos em que vivemos. A banda faz a barba todos os dias, é excessivamente simpática, demasiado sincera, quase ingénua. Está interessada em fazer amigos e em espalhar o incenso da bonomia pelos corredores do inferno. Vivem noutro planeta, nitidamente.
Não são nenhuns génios. Não. Não vão mudar o mundo nem ficar para a História. Não. Mas eu gosto deles à brava. E é assim.