Se há palavra que é abastardada com cansativa frequência e utilizada com propósitos que vão diametralmente contra o seu significado original, essa palavra é democracia. E no contexto propagandista da guerra da Ucrânia, o substantivo perde toda a sua virtude, claro. Um liberal pode ser um ditador, mas será sempre um democrata. Confuso? É natural. A narrativa destina-se precisamente a alimentar a confusão. A transformar a realidade num aglomerado de mentiras de tal forma contra-intuitivas e delirantes que aniquile qualquer quadro referencial. Sem coordenadas, vagueamos perdidos num universo abstracto, condenados às sombras enganadoras da caverna de Sócrates.