sexta-feira, março 25, 2022

Vira-se o feitiço contra o feiticeiro.

O petrodólar como moeda de troca para os combustíveis fósseis está a transformar-se ela própria num fóssil, e a uma velocidade estonteante.

E a culpa é de Putin? Claro que não. O inquilino do Kremlin está a fazer exactamente a mesma coisa que o ocupa da Casa Branca começou por fazer e que é a guerra aberta através da utilização de instrumentos económicos como armas de destruição maciça. E neste capítulo pelo menos, não me parece que Joe Biden esteja a sair vitorioso da contenda.

Chineses e indianos, brasileiros e paquistaneses, sul africanos e sauditas falam já à boca cheia que a moeda padrão do comércio energético global tem que mudar.

E se Putin ensaia a manobra de obrigar toda a gente a comprar rublos para aceder ao petróleo e ao gás russos é porque sabe que os seus adversários não têm grande remédio senão proceder como ele exige, como muito bem explica este texto do New York Post. O Ocidente fez um bluff infantil, que as cartas que tem na mão não justificam.

Mais a mais, o presidente russo aposta muito na ideia, na minha perspectiva completamente válida, de que o povo russo, dada a sua história e o seu carácter, está muito melhor preparado para as contingências e os sofrimentos inerentes a este braço de ferro do que os povos ocidentais. E é por isso que a sua estratégia também passa por aumentar o preço do crude até à insustentabilidade económica e social do Ocidente.

Ao fazerem o jogo do inimigo, os lideres políticos europeus e norte americanos não avaliaram bem as consequências últimas dos seus precipitados e desastrados actos. Não precisam de o fazer porque na verdade não são eles que pagam a factura. Quem paga a factura somos nós, claro.

É expectável que enquanto existirem eleições, algum custo será transferido para o lado destes imbecis sem nome, mas que sei eu?

No Ocidente, há muita gente que está de acordo com o sexo anal a que está a ser brutalmente submetida e essa inacreditável concórdia já nem é de agora, embora ganhe intensidade a cada dia que passa, a cada crise que surge ou que é fabricada. Será talvez necessário que as elites exerçam ainda maior violência política, psicológica e económica sobre a malta para que a malta comece a perceber o inferno em que está a ser enjaulada.

E essa é uma das razões pela quais estou certo de que as coisas vão piorar bastante, antes de melhorarem um pouco.