Confrontado com a poison pill com que os administradores do Twitter decidiram combater a sua choruda proposta de aquisição, Elon Musk tirou um coelho da prolixa cartola de prestidigitador profissional de que é feliz proprietário: reuniu materialmente o financiamento necessário para a operação (46,5 biliões de dólares, divididos entre capitais próprios e crédito bancário), e vai agora namorar os investidores com uma tender offer, que é um oferta pública de compra de acções através de contacto directo com os seus titulares.
Este muito expectado Plano B foi deliciosamente sugerido assim, por Musk, uns dias antes da sua formalização :
🎶 Love Me Tender 🎶
— Elon Musk (@elonmusk) April 16, 2022
_______ is the Night
— Elon Musk (@elonmusk) April 20, 2022
Continuo a achar que o Twitter não é negociável, seja qual for a oferta, porque é hoje o mais efectivo e amplo motor de propaganda e de censura do regime. Continuo a suspeitar que o end game de Musk não é ficar com a empresa, mas ganhar dinheiro com a especulação que provocou.
Mas esta última convicção, devo confessar, já foi mais firme. Posso muito bem estar enganado.
E sendo certo que os tubarões de Wall Street, os barões da Península Arábica e os vilões do clube de Davos não vão vender título algum ao patrão da Tesla, estou de qualquer forma em pulgas para saber como é que o mercado dos investidores independentes vai reagir. E divirto-me só de imaginar os ataques de pânico colectivo que devem caracterizar as reuniões de direcção do Twitter.
Aconteça o que acontecer, esta novela já vale pelo que tem rendido em entretenimento. E à borlex.