No primeiro grande teste à sua forma, João Almeida mostrou que pode perfeitamente conseguir um lugar entre os três primeiros no Giro. E isto apesar de, tanto à partida como à chegada, se ter queixado de estar "sem pernas" (o que poderá ele fazer quando as pernas voltarem?), aparentemente por causa de ter dormido mal na véspera.
A nona etapa, uma daquelas manifestações de sadismo típicas da prova italiana, com várias subidas categorizadas e outras que devia ser categorizadas mas não eram, num sobe e desce alucinante, terminou no alto do Blockhaus, depois de uma subida de 13 kms com uma média de 9% de inclinação.
O ciclista português, que na maior parte da derradeira subida não beneficiou de ajuda nenhuma da sua equipa, teve que responder aos ataques constantes de 3 dos cinco ou seis melhores escaladores do mundo: Carapaz, Bardet e Landa. E fê-lo ao seu jeito, com calma, resiliência e determinação verdadeiramente impressionantes, para terminar em quinto na etapa, com o mesmo tempo do vencedor - Jay Hindley, e em segundo na classificação geral, a apenas 12 segundos do actual líder, Juan Pedro Lopez.
Se as próximas etapas de alta montanha que vão acontecer nas duas semanas que faltam cumprir correrem mais ou menos como correu esta - e se nada de anormal acontecer (queda, quebra de forma, perda de tempo em etapas planas por causa do vento ou de acidentes no pelotão, etc.), o João tem excelentes hipóteses de fazer uma classificação histórica, porque a última etapa da prova é um contra-relógio onde o português tem vantagem sobre os mais directos adversários, mesmo considerando que se trata de um percurso algo curto, com apenas 17 kms.
Seja como for, o Giro deste ano está bastante animado, com o top 10 separado por menos de um minuto e meio, e a etapa 9 foi mesmo espectacular, com os favoritos em duelo directo e sem medo de atacar, pelo Blochaus acima.