O grande desastre americano está constantemente a atingir novos recordes de infâmia e incompetência e caos e incúria, é algo que acontece todos os dias e o que acontece todos os dias não é por definição uma notícia. Mas o caso da escassez do leite de fórmula para bebés nos Estados Unidos é de tal forma escabroso, é de tal forma eloquente sobre a verdadeira agenda dos poderes instituídos em Washington, que não pode ser ignorado.
É que enquanto o Congresso vota favoravelmente o despacho de 40 biliões de dólares para a Ucrânia, as mães que não produzem leite para amamentar os seus filhos desesperam e fazem centenas de quilómetros para encontrar uma loja que ainda tenha a fórmula que os alimente. E isto perante o sarcasmo, a indiferença e a arrogância de uma administração que nesta altura do campeonato nem sequer disfarça o desprezo que nutre pelos cidadãos que representa e dirige.
Psaki, a inacreditável secretária de imprensa de Biden, chegou ao ponto de culpar as mães pela inexistência da fórmula nos lineares das superfícies comerciais. Biden, tentou fazer uma piada sobre o assunto. As estrelinhas de Hollywood do costume recomendam a amamentação, como se a maioria das mães que dão fórmula aos filhos o façam por desporto. Mas o exemplo máximo deste desdém aberto e descomplexado é aquele que ontem foi denunciado pela congressista Kat Cammac: parece que aos milhares de imigrantes ilegais que chegam diariamente à fronteira sul dos Estados Unidos, não falta leite de fórmula.
The first photo is from this morning at the Ursula Processing Center at the U.S. border. Shelves and pallets packed with baby formula.
— Kat Cammack (@Kat_Cammack) May 11, 2022
The second is from a shelf right here at home. Formula is scarce.
This is what America last looks like. pic.twitter.com/OO0V99njoy
Nunca numa democracia ocidental do pós-guerra os cidadãos foram tão mal amados pelos seus líderes como são mal amados pelo aparelho democrata de Washington. E isto não é dizer pouco, considerando o que a propósito da pandemia e não só se tem passado no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia, no Reino Unido, em França, na Áustria e na Alemanha.
E é por isso que eu digo: esta gente que se arruma na categoria daquilo a que chamamos elites está a brincar com o fogo. Quando as mães não têm como alimentar os seus neonatos e a liderança política manifesta perante esse facto não só impotência, mas manifesto menosprezo, as coisas podem de repente ganhar contornos incendiários. Por muito menos que isto, quantas vezes ardeu Roma?