terça-feira, maio 31, 2022

Perante o abismo, a União Europeia dá um passo em frente.

A União Europeia, não contente com a crise económica e energética que tem em mãos e cuja responsabilidade lhe cabe em boa parte, volta a esticar a corda. Peço desculpa por estar sempre a repetir o óbvio, mas é impossível que os líderes políticos e os altos quadros burocráticos da União Europeia não estejam a forçar a derrocada civilizacional de propósito. A guerra na Ucrânia é uma excelente pretexto para a reconversão do modelo energético que se até aqui não foi a bem, irá a mal, mesmo que isso implique o empobrecimento e a drástica redução na qualidade de vida dos cidadãos europeus.

Num momento em que o crude está a ser vendido a 120 dólares por barril e a inflação está nos dois dígitos em todo o lado, forçar um embargo massivo das importações de petróleo russo é um suicídio. Mas é um suicídio calculado. A draconiana agenda ambiental, o espúrio ódio a Putin, o elitismo globalista treinado e motorizado em Davos e o mais descarado desprezo pelas massas, plasmam-se num comportamento que pode parecer esquizofrénico mas é completamente racional: a nova ordem mundial tem que partir do zero. Custe o que custar. A fome, a miséria, o caos, a ruína das pequenas e médias empresas ou até uma guerra termonuclear (se for preciso) são pequenos preços a pagar no grande esquema dos senhores do universo. Até porque, claro, não são eles que o pagam.

Ainda por cima, este embargo só vai ter um efeito: em vez de comprarmos o petróleo russo a preços de mercado, vamos comprar o mesmo petróleo a intermediários, acrescido da consequente margem financeira. Putin e os oligarcas do sector energético do seu país vão ganhar o mesmo que já ganham e que nunca foi tanto como agora. Os europeus é que vão ficar mais pobres. E os sinais de que a Rússia está a conviver muito bem com os embargos e as sanções são mais que nítidos, para quem vê para além da propaganda. Até o Rublo faz figura de moeda forte.

Alex Christoforou e Alexander Mercouris conversam sobre o assunto, com o esclarecimento do costume. E ainda se conseguem rir - e fazer rir - nos primeiros minutos da análise que fazem à conspiração de estúpidos em que estamos embrulhados. O que não é dizer pouco.