sexta-feira, julho 01, 2022

Como travar a guerra cultural: o caso Daily Wire.

Apostando tudo na guerra cultural que pontifica nos Estados Unidos, o Daily Wire tem vindo, nos últimos dois anos, a construir uma plataforma multidimensional de conteúdos que abrangem os âmbitos editorial, cinematográfico, documental e até de lançamento de produtos, como uma marca de lâminas de barbear que não precisa de insultar os seus clientes para exercer actividade económica.

Assumindo a concorrência com Hollywood e a Netflix, a companhia de Jeremy Boeiring e Ben Shapiro está a produzir longas metragens com estrelas de cinema que foram entretanto canceladas pelo regime woke que domina a América, como é o caso de Gina Carano, protagonista do último filme lançado pelo DW, um western low budget, mas intenso e tecnicamente irrepreensível.



A criação sistematizada de conteúdos para vastas audiências permitiu ao Daily Wire implementar uma plataforma de streaming a pagar (8 dólares por mês), o DW+, que no espaço de menos de um ano já tem perto de um milhão de subscritores.

E ontem, num evento a que não faltou glamour e ambiente operático, Jeremy Boeiring anunciou um programa de realizações que integram duas das mais proeminentes figuras do panorama conservador norte americano: Dennis Prager e Jordan Peterson.

A cobertura de todo o envento está aqui, mas destaco, claro, o momento de anúncio da participação de Jordan Peterson no projecto e a conversa que manteve depois, ao vivo, com Ben Shapiro.



O primeiro episódio da nova série protagonizada por Peterson, "Dragões, Monstros e Homens", momento iniciático desta parceira, já está disponível no DW+. Nesta objecto documental, o célebre professor de Toronto desenvolve a sua tese de que o homem tem que se tranformar num monstro, dominar essa monstruosidade, e utilizá-la com parcimónia de forma a vencer sobre os dragões da existência.

O teaser da série revela claramente dois factos: que Jordan Peterson está em grande forma e atingiu a maturidade como comunicador vocacionado para grandes audiências, e que a sofisticação técnica e estilística da produção evidencia que neste projecto ninguém está a brincar em serviço.



É claro que o milhão de subscritores do serviço DW+ ainda está longe de rivalizar com as centenas de milhões de subscritores da Netflix, por exemplo. Mas o contra-ataque conservador (e populista) na frente da guerra cultural, tem que começar por algum lado, tanto mais que os públicos que já não suportam o fascismo woke e o uníssono dos meios de comunicação social e das máquinas de entretenimento e dos grandes conglomerados económicos, existem de facto. E são em quantidade brutal. Há muita margem para crescer, neste negócio.

Aliás, só Jordan Peterson tem qualquer coisa como 5,6 milhões de subscritores no seu canal do Youtube. Jeremy Boering não vai de certeza perder dinheiro com este contrato.

Boas notícias, portanto.