quinta-feira, julho 07, 2022

Le Tour du Chaos.

A primeira etapa a doer do Tour deste ano não foi a subir. Foi até bem plana, embora corrida num percurso com 11 estreitos e irregulares troços de pavé (empedrado). Quedas, problemas mecânicos, paredes de poeira e equívocos tácticos disseminaram o caos entre o pelotão. E se a Jumbo Visma apostava neste dia muitas das suas chances de desgastar ou mesmo ganhar tempo a Tadej Pogačar, que corre practicamente sozinho, as coisas acabaram por suceder precisamente ao contrário.

Isto porque Wout van Aert, talvez desgastado pela magnífica vitória que inventou na Terça-feira e vítima de uma queda, foi, durante quase toda a etapa, uma sombra de si próprio; Jonas Vingegaard entrou em pânico por se ter soltado a corrente da bicicleta e, como uma barata tonta, em vez de corrigir a posição da corrente, perdeu imenso tempo a saltar para cima de velocípedes alheios; e Primož Roglič, conforme é seu hábito na Volta à França, espalhou-se no asfalto com tal violência que teve que se sentar num banquinho à beira da estrada e voltar a colocar, com toda a calma do mundo, o ombro deslocado no seu devido lugar anatómico.

Ainda por cima, a Jumbo deixou Roglič a sós com a sua desgraça durante imenso tempo e quando tomou uma decisão, optou pela pior, dividindo o bloco entre o apoio aos dois líderes (que iam separados apenas por 30 a 40 segundos) em vez de esperar um pouco pelo esloveno e depois atacar a frente da corrida com a sua formação integral, que é muito, mas mesmo muito forte.

Com isto tudo, Pogačar, que apesar dos seus 23 anos corre como uma raposa velha e andou sempre à cabeça do pelotão, acabou até por ganhar 13 segundos a Vingegaard (e aos rivais da Ineos) e mais de dois minutos a Roglič, que deve ter hipotecado ontem as suas hipóteses de lutar pela vitória na volta a França.



Uma etapa verdadeiramente infernal. E ainda nem chegámos aos Alpes.