segunda-feira, julho 25, 2022

Uma breve nota sobre as críticas, mais ou menos subtis, que são feitas aos conteúdos do Blogville.

Tenho consciência de que os conteúdos desta página são, tendencialmente, deprimentes. Mas, convenhamos, não me parece que esse negro quadro tenha origem numa qualquer esquizofrenia do redactor. 

Por acaso até acho que boa parte da responsabilidade sobre o lastimável estado das sociedades ocidentais, que é constantemente retratado aqui, recai sobretudo naqueles cegos e surdos optimistas (para ser simpático) que fazem a crítica do realismo com que encaro os tempos que vivemos.

Este blog não existe para ser simpático ou positivo ou inspirador de ingenuidades ou promotor de alienados.

E nunca foi nem nunca será uma página pacífica e cordata, feita para agradar a uma massa incógnita de gente que não conheço sequer. Não é para isso que serve. É precisamente para ser o contrário disso que serve. Até porque as diversas raças bovinas que procuram a paz espúria, a obediência, a resignação, o facilitismo e o conformismo já estão mais que bem servidas, poça.

O Blogville tem audiências muito modestas. Caem neste sítio cerca de 400 pessoas por dia. 300 dessas pessoas vêm aqui parar por acaso. As outras sabem bem porque é que vêm aqui parar. E não é porque procuram ser acariciadas com narrativas cómodas e convenientes. É, desconfio, porque estão precisamente fartinhas do que é cómodo e conveniente.



Mas que sei eu?

Uma coisa, talvez: o ContraCultura, que estará online a 1 de Setembro deste ano (e que não vai implicar qualquer consequência funerária sobre o Blogville, pelo contrário), também não será um manifesto editorial de cariz motivacional e conciliador. A ideia não é inspirar ninguém ou pacificar o inimigo. A ideia é esclarecer os públicos que possam surgir sobre a natureza da realidade e a queda civilizacional que testemunhamos sem consciência nem responsabilidade e da qual somos cúmplices como se depois da nossa morte, o futuro fosse irrelevante.

Não é.

E se esses potenciais públicos não estiverem para aí virados (a escuridão da caverna da Sócrates é muito mais amigável do que o o clarão insuportável da verdade), azar. 

Eu, de qualquer forma e custe o que custar, cumprirei aquilo que acho que é o meu dever. Aquilo que desconfio que nasci para fazer.

Posso estar enganado, claro. Mas sou teimoso como o raio.