segunda-feira, agosto 29, 2022

Artemis: a narrativa oficial não me convence.

As razões oficiais do programa Artemis, que visa o regresso da NASA à Lua e cujo primeiro lançamento não tripulado foi abortado ontem porque as luminárias em Houston não conseguiram que os motores do foguetão atingissem a temperatura de descolagem, são as de "descoberta científica", "oportunidade económica" e propaganda "inspiracional", embora na verdade não convençam: a pertinência científica deste programa é bastante duvidosa, as vantagens económicas são nulas e a capacidade de motivar novas gerações para a exploração espacial deve mesmo ser a última coisa que preocupa os administradores da agência americana e não é por isso certamente que estão a gastar biliões de dólares no programa. 

Esta missão tresanda aliás a objectivos não explícitos. A competição com a China pelo domínio do espaço e da colonização da Lua, deve ser uma das mais prementes preocupações da NASA. E a instalação de uma base permanente no satélite da Terra está no horizonte de possibilidades, até pelo que se sabe dos contratos que a agência firmou com a Space X. A possibilidade de utilizar essa base como estação intermédia para as rotas marcianas também tem sido muito discutida, mas essa eventualidade é de tal forma remota, está tão distante das actuais capacidades técnicas e dos sistemas instalados, que nem vale a pena equacioná-la. Como já tentei por várias vezes explicar aqui no blog, uma primeira viagem tripulada a Marte apresenta dificuldades óbvias que ainda não foram resolvidas, a começar com a saúde física e mental dos astronautas. E o programa Artemis, ao contrário do que afirma, está longe de poder contribuir para resolver esses problemas.

No entretanto, a CNN vai cumprindo a sua missão informadora das massas sobre o programa da NASA:


Assim sendo, as razões que estão por trás deste programa são, do meu ponto de vista, bastante enigmáticas. E mais por causa desse enigma do que propriamente pelos conteúdos científicos e recursos tecnológicos implícitos, que na verdade não trazem nada de novo à civilização, para além da construção de um limitado acampamento, que será a curto e médio prazo mais simbólico do que outra coisa qualquer, vou ficar atento.