segunda-feira, setembro 05, 2022

O fim da representação.

No monólogo de ontem, Tucker Carlson aborda um tema que indexa directamente a uma teoria da conspiração que estou a tentar cristalizar já há uns meses: a de que as elites políticas no Ocidente estão a retirar à democracia a sua principal virtude: a possibilidade do eleitorado fazer representar os seus interesses nos órgãos do poder através do voto, justificando assim o tributo a que o Estado os submete coercivamente. E como é que isto se faz? Preenchendo as posições elegíveis apenas com políticos que respeitam a agenda globalista/woke, independentemente da cor partidária, de forma a que os cidadãos não tenham alternativa senão manter inalteráveis os poderes instituídos e a agenda de Davos.

Tucker faz a pergunta certa, com um ligeiro sotaque irónico: mas será que os republicanos e os conservadores que se apresentam ao eleitorado americano com valores democratas e liberais querem perder as eleições? A resposta é nim. Estes candidatos sabem que podem sair derrotados no escrutínio imediato, mas também sabem que serão protegidos pelo sistema a médio e longo prazo. Da mesma forma que as grandes coorporações já não se importam de perder dinheiro em função da mensagem woke que é a sua primeira prioridade, porque serão compensadas mais tarde em incentivos financeiros e perdões fiscais por parte do estado, numa espécie de tributo virado ao contrário, e pelo marketing gratuito que lhes oferece a imprensa mainstream; também os políticos percebem que não têm nada a ganhar com o velho axioma da representatividade. Já cheiraram nas águas o sangue da tirania. E, respeitando a lei do mais forte, agem em conformidade: ignorando contraintuitivamente as aspirações dos seus eleitores e obedecendo cegamente aos senhores do universo.